quarta-feira, 21 de março de 2012

Aniceto do Império - 100 anos de luta e tradição

O ano de 2012 acaba de começar, e para o samba é um ano de grandes comemorações. Mestres do samba chegariam ao centenário se estivessem vivos. 


Em março, o grande Aniceto do Império, um dos maiores partideiros que já existiu no Brasil, é um dos que completaria 100 anos.

Nascido em 11/03/1912, Aniceto de Menezes e Silva Junior foi um dos maiores versadores das rodas de samba do Rio de Janeiro. Ficou muito conhecido por sua luta a favor do Partido Alto como forma de tradição. Sobre ele declarou Dona Ivone Lara na capa do disco "Partido alto nota 10": "Quem ouve Aniceto cantar um partido alto, não esquece sua raiz. É nosso professor. Pra mim ele é um parente". 

Criado no Candomblé, Aniceto contava em seus partidos a vida do negro no Brasil em sua época, e até mesmo nos tempos da escravidão. Tinha um espírito de liderança que o levou a ser um dos líderes dos estivadores do Cais do Porto, onde trabalhou e lutou por melhores condições para sua gente.

Ao lado de outros bambas como Silas de Oliveira, Sebastião Molequinho, Tio Hélio e Mestre Fuleiro, foi fundador do Império Serrano em 1947. Apesar de estar intimamente ligado à escola, não gostava de compor sambas enredo - gostava mesmo era de um bom partido alto. Embora não tocasse instrumentos de sopro e nem de corda e não chegasse a ser um percussionista, era capaz de fazer ritmo no pandeiro para se acompanhar. 


Sua grande qualidade consistia em coreografar o jongo e em improvisar versos de partido-alto, apesar de não se julgar um bom jongueiro. Em compensação, tinha consciência de ser partideiro imbatível, considerado como tal por todos. Inspirado nos pontos de demanda do jongo, desenvolveu um tipo especial de partido, dialogado entre o solista e a roda - provavelmente criação sua, já que não se tem notícia da existência de outros exemplos que não os cantados por ele.

Em 1984, pela gravadora CID, lançou o LP "Partido alto nota 10", no qual contou com diversas participações especiais: João Nogueira na faixa "Entrevista"; Dona Ivone Lara em "Quem é teu pai"; Clementina de Jesus na música "Dona Maria Luiza"; Martinho da Vila em "Desaforo", Roberto Ribeiro na faixa "Chega devagar" e Zezé Motta na música"Ginga de Yaiá", todas de sua autoria. 


No disco. também interpretou outras de sua autoria, como "Partido alto", "É fogo", "Difícil", "Quando louvar partideiro", "És partideiro" e "Mulher na presidência". Na capa do disco, João Nogueira declarou: "Aniceto é a memória brilhante, viva e atuante da música popular brasileira". 






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